História

História da Cidade de Piritiba

O Município de Piritiba, está localizado no Piemonte da Chapada Diamantina, no centro do interior baiano. Possui clima ameno, (temperatura média de 25° C), devido a sua altitude. A região foi desbravada em 1883, e tudo começou na Fazenda Cinco Várzeas de propriedade do Cel João Damasceno Sampaio, que era totalmente coberta pela Mata Atlântica. Possui um bom numero de rios e riachos, quase todos temporários, com exceção do Rio Jacuípe que corre o ano todo. Seu relevo é bastante ondulado, e em suas terras como já disse Pero Vaz de Caminha, quando do descobrimento do Brasil, tudo que se planta, dá.

O Sonho:

O Cel João Damasceno Sampaio, tinha um grande sonho: Ser o fundador de uma grande cidade. Em 1925, começou a realizar este sonho.

A historia do Município começa na sede da “Fazenda Cinco Várzeas”, chamada de “Sobradinho”, de propriedade de João Damasceno Sampaio no ano de 1925. Conta Francelino França da Silva, fiscal de rendas da Prefeitura Municipal, que o Sr. João Damasceno, mandou chamar á sede de sua fazenda, o Sr. Manoel Nazeozeno Lopes, mais conhecido como Manoel de Alcino, homem com vasto conhecimento pratico de agrimensura e desenho, e pediu para o mesmo providenciar a medição e o projeto de uma cidade que faria construir dentro de sua propriedade. A principio o Sr. Manoel de Alcino, pensou tratar-se de um sonho maluco, pois não achava o local muito adequado, para se construir uma cidade, devido a escassez de água tendo em vista que o riacho que passava pelo local era temporário. Mesmo assim, providenciou a medição, e o projeto do loteamento, com suas ruas e praças e o entregou a João Sampaio. Este sem perder tempo, convocou um agregado de sua fazenda de nome Manoel Apolônio e o mandou limpar o local e chamou alguns parentes para iniciar a construção das primeiras casas.

A realidade:

As pessoas que atenderam o chamamento e construíram as primeiras cinco casas foram:

Francisco Marcelino de Miranda, Virgilio Lima, Eleodorio Lima, Ismael Lima e o próprio Manoel de Alcino. João Sampaio ia vendendo os lotes para os que podiam pagar. Os que não tinham recursos, ele doava os lotes, acrescentando, construam suas casas, e se por acaso vierem a vender, vocês me pagam e eu entregarei a documentação regularizada. Neste tempo estava em construção a Estrada de Ferro da Companhia Brasileira de Estradas de Ferro, sendo que em 1927, os primeiros trilhos chegaram a Fazenda “Cinco Várzeas”, e começou a ser construída a Estação Férrea, a casa do Chefe da Estação, as casas dos feitores e dos demais trabalhadores (cada grupo de trabalhadores era chamado de “Turma”). Este fato trouxe enorme impulso a vila que já se formava, pela quantidade de pessoas que trabalhavam ou que eram fornecedores de matérias (dormentes), e que viviam em função da Estrada de Ferro. Assim foi chegando gente de todos os lugares. Um belo dia João Sampaio disse:
– “esta na hora de realizarmos uma feira aqui no local”. Assim, convocou Horacio Marcelino que era marchante e morava em Piabas de Mundo Novo, a fim de que pelo menos uma banda do boi viesse ser vendido na primeira feira do povoado de Cinco Várzeas. Esta feira foi realizada em baixo de umbuzeiro e segunda a narração de Francelino Silva, alem da banda do boi trazida por Horacio Marcelino, só tinha pra ser vendido, um carneiro e um porco abatidos, uns quatro sacos de farinha, um saco de feijão, e mais algumas bobagens. Isto aconteceu em abril de 1928.

Os pioneiros:

Os primeiro moradores do povoado de Cinco Várzeas: Antonio Valério, Bernardino couxo, Dazinho da loja, Dodô dos dormentes, Eduardo Pereira, Eleodoro Lima, Firmino Sampaio, Francisco Marcelino de Miranda, Geminiano Pedreira, Hermínio Ramos, Ismael Lima, Janjão do Lagedo, Januário Passos, João Francelino Sampaio, João Passos, Joaquim Braga, Joaquim Fernando Sobrinho, Joaquim Marcelino de Miranda, Jose de Zuza, Jose Pedreira, Jose Teiú, Leonídio Nascimento, Leovegildo Gonçalves Lopes, Lindauro de tal, Manacá padeiro, Manoel Almeida, Manoel Apolônio, Manoel de Alcino, Manoel Ignácio Filho, Manuel Ferreira Batatinha, Macolino Pedreira, Maroto marceneiro, Maroto Sampaio, Noé do tecido, Odílio Belém, Ovídio cabeleireiro, Pedro pagão, Pedro queimado, Pio Martinho de Oliveira, Porcidônio de tal, Teotônio de tal, Venâncio de tal, Vencerlêncio de tal, Virgilio Lima, Xixiu da pensão, Zuza pedreira, além é claro, do próprio João Damasceno Sampaio.

O crescimento:

Em 1932, na gestão d prefeito de Mundo Novo o Dr. Raul da Costa Vitória, o povoado de Cinco Várzeas, foi elevado a categoria de Distrito de Paz, sendo nomeados as primeiras autoridades do distrito, a saber: Juiz de Paz Jose Umbelino, Escrivão de Paz Jose Maria de Lima, subdelegado Januário Marques, Fiscal Municipal Francelino França da Silva. Nesta época também chegou o 1° medico para o Distrito que foi o Dr. Julio Olimpio da Cruz, agente da estação João Jeanbastian.

Em 1933 com a chegada da Estrada de Ferro, o povoado de Cinco Várzeas, passou a denominar-se de “Povoado do Junco”. Em 05.04.1934 o Decreto Estadual 8.881, criou o Distrito de Cinco Várzeas, para ser mudado novamente em caráter definitivo para o nome de “Piritiba”, através do decreto estadual 11.089 de 30.11.38. Ainda em 1033 chegava ao distrito os primeiros professores públicos, nomeados pelo estado: O Prof. Osvaldo Macedo, designado para a Escola Pública de Andaraí e sua esposa D. Anna Macedo, designada para o Distrito de Cinco Várzeas. Traziam uma filhinha com menos de um ano de nome Benedita Macedo. Fixaram residência em Piritiba, e lecionaram por longos 35 anos. Aqui nasceram os seus filhos e filhas: Leonor, Eulina, Mario Augusto e Osvaldo Macedo Filho. O prof. Osvaldo Macedo, alem de professor era grande desportista e fundou em 1935 o primeiro time de futebol do Distrito de Cinco Várzeas.

O desenvolvimento comercial:

Com a inauguração da Estrada de Ferro em 1934, o Distrito de Piritiba teve um grande impulso em seu desenvolvimento comercial, pois começaram a chegar comerciantes vindos de Juazeiro, Saúde, Jacobina, Senhor do Bonfim, Salvador, e outros locais, tornando o movimento na Estação Ferroviária muito intensa. O distrito de Piritiba exportava: Gado bovino, farinha de mandioca, mamona, dormentes, coco babaçu e ouricuri, pó de palha do ouicurizeiro, Tc, além de receber diversas mercadorias oriundas de Jacobina, Senhor do Bonfim, Juazeiro e Salvador.

Nesta época chegaram em Piritiba os comerciantes: Jose Batista Cardoso, Antiacho Pereira Lima, Pedro Neves de França e seus filhos: Herundino Neves de França, Jose Neves de França, César Sampaio, Virgilio Barros, Leovegildo Gonçalves Lopes, Adelino Moura, Francisco Batista (Chico Batista), Dario Rios Gomes, entre outros. Em dezembro de 1939, desembarca em Piritiba, pela Estrada de Ferro o Dr. Carlos Ayres de Almeida, a convite do farmacêutico Sr. Aloísio Cedraz. Ambos trabalhavam no Distrito do França. Nessa época existia um grande surto de malaria, principalmente as margens do rio Jacuípe que dizimou varias vidas. Após concluir o seu trabalho naquele distrito, Dr. Carlos Ayres fixou residência em Piritiba, vindo a ser posteriormente um grande batalhador pela independência política da nossa cidade, culminado por exercer o cargo de prefeito, eleito que foi em 03 de outubro de 1954.

A visão:

Um dia, caminhando com Francelino França da Silva, João Damasceno Sampaio, sonhador que era, parou no alto do cruzeiro, de onde se avistava todo o comercio, como se dizia antigamente, olhou para baixo, meditou e disse: Francelino, na minha visão, estou enxergando um grande desfile de carros nas ruas e também uma bela filarmônica tocando na rua da igreja. Francelino pensou consigo mesmo: “este homem esta ficando louco”. Após alguns anos do falecimento de João Sampaio, relata Francelino que aconteceu numa Festa do Senhor do Bonfim realizada pela Igreja Católica local, onde o Padre Edival convocou todos os proprietários de carros para uma grande procissão de encerramento das festividades. Também veio para abrilhantar o evento no seu dia derradeiro, a Filarmônica 2 de janeiro da cidade de Jacobina, que realmente iniciou a procissão pela rua da igreja. Francelino retrucou: Não é que João Sampaio teve sua visão mesmo? É verdade o homem enxergava as coisas antes delas acontecerem.

Emancipação Política:

Um fato mudou o destino do Distrito de Piritiba uma epidemia de febre tifóide e desinteria bacilar, motivados pelos detritos de uma matadouro publico localizado no terreno onde hoje é a Delegacia de Policia do município. O Dr. Carlos Ayres, preocupado com o problema da saúde publica, comunicou o fato ao prefeito de Mundo Novo, Dr. Adalberto S. Campos, pedindo providencias, e obteve como resposta a indiferença e a omissão. Um dia aproveitando a visita do prefeito ao distrito, uns quatro homens pediram que a prefeitura mandasse tapar os buracos e varrer as ruas, pois estes serviços há muito tempo não eram realizados. Mais uma vez a resposta do prefeito que detestava o distrito de Piritiba, segundo Dr. Carlos Ayres era impublicavel, pois feria a dignidade e a honra das pessoas que aqui viviam. A revolta com o descaso como eram tratadas as reivindicações do nosso povo, por partes das autoridades municipais de Mundo Novo, despertou num jovem medico um desejo de liberdade política para o Distrito de Piritiba, fazendo uma convocação aos homens do lugar, para a luta pela Emancipação. Além das reuniões com as pessoas mais influentes, Dr. Carlos Ayres lançou mão de outro expediente: escrevia artigos pró emancipação em panfletos e os espalhavam tanto em Piritiba como em Mundo Novo, o que era retrucado por Eulálio Mota, cidadão Mundo novense na mesma modalidade, já que era contrario aos ideais de libertação do povo Piritibano.

João Sampaio indignado com tudo o que estava acontecendo, viajou para a capital, manteve vários contatos com políticos e conhecidos e quando voltou, trouxe um mapa do futuro município de Piritiba, com os limites já delineados, num trabalho digno de louvor.

Formou-se então uma comissão encabeçada por Dr. Carlos Ayres e mais Joaquim Sampaio Neto, Dionísio Almeida, Otavio Souza Santos, Altamirando Sampaio da Silva, Antiacho Pereira Lima, Milton Oliveira Sampaio, Jose Neves de França, Walter Brandão, Carlos Brandão da Silva, Milton Almeida Sodré, entre outros, e após vários contatos e visitas a Assembléia Legislativa, e a luta dos Deputados Basílio Catalã de Castro, Amarilio Benjamim, finalmente foi assinada a Lei 503 de 27 de setembro de 1952 pelo então Governador Dr. Régis Pacheco, concedendo a Emancipação Política de Piritiba, desmembrando do município de Mundo Novo, formado pelos distritos: Piritiba, França e pelos povoados de Andaraí, Areia Branca, Cigana e Sumaré.

1° Mandato Ótavio Souza Santos Gestor por 02 anos (1952-1954)

O Sr., Otavio Souza Santos foi nomeado Gestor por 02 anos, até o advento das eleições que seriam realizadas em 03 de outubro de 1954, quando foi eleito o 1° Prefeito de Piritiba, o Dr. Carlos Ayres de Almeida do PSD, que disputou a eleição com o Sr. Dionísio Almeida da UDN.

A decepção e o desespero:

1° Prefeito eleito Dr. Carlos Ayres de Almeida (1954-1958)

Após dois meses de mandato do Prefeito Dr. Carlos Ayres de Almeida, as pessoas influentes de Mundo Novo, notadamente o Sr. Eulálio Mota que era amigo pessoal do Procurador Geral da Republica (ambos integralistas – Partido do líder Plínio Salgado), conseguiram tornar sem efeito a Lei 503 que emancipou politicamente Piritiba, voltando nossa cidade condição de Distrito de Mundo Novo. Na mesma semana chegou a cidade uma comissão formada pelo prefeito de Mundo Novo, Sr. Osvaldo Vitória, pelo Juiz de Direito da Comarca de Mundo Novo, e o Pe. Nicanor, com a missão de tomar posse da prefeitura Dr. Carlos Ayres, prefeito de Piritiba, resistiu e informou que só entregaria o cargo ao Governador do Estado, o Dr. Antonio Balbino. Nesse ínterim uma multidão de piritibanos já estava em frente a prefeitura, total apoio ao prefeito, o que intimidou a comitiva Mundunovense que bateu em retirada. Uma semana após este incidente,o prefeito de Piritiba, acompanhado do Sr. Davino Soares e o Sr. Milton Sodré foi recebido em uma audiência pelo governador Dr. Antonio Balbino, que apoio a atitude assumida pelo prefeito e declarou que enquanto fosse Governador do Estado, a Prefeitura de Piritiba continuava sob a administração de Dr. Carlos Ayres, que assim pode cumprir o seu mandato, mesmo contrariando a Lei que revogou a Emancipação de Piritiba.

A restauração do Município:

Em março de 1958, faltando pois 08 meses para a realização das eleições para Prefeitos dos Municípios, uma comissão encabeçada pelo Prefeito Dr. Carlos Ayres, volta novamente a Assembléia Legislativa, agora com o apoio do Deputado Dr., Waldir Pires que abraçou a causa dos piritibanos e colocou em tramitação a Lei 140 que foi aprovada e restaurou a Emancipação Política de Piritiba. Essa Lei foi assinada pelo Governador Dr. Antonio Balbino, no final do seu mandato. Em retribuição, Piritiba através de suas lideranças deram uma votação histórica ao Deputado Waldir Pires de 1.033 votos num Colégio Eleitoral de 3.800 votos aproximadamente.

A nova eleição foi realizada, em outubro de 1958, desta vez saiu vitorioso o Sr. Joaquim Sampaio Neto (PSD), que derrotou novamente o Sr. Dionísio Almeida UDN).

2° Prefeito eleito Joaquim Sampaio Neto (1958-1962)

A gestão de Joaquim Sampaio Neto foi corada de êxito, tendo então Piritiba a oportunidade de se desenvolver urbanisticamente. O Prefeito Joaquim Sampaio Neto, providencio o calçamento de varias ruas, melhorou as estradas vicinais, construiu varias pontes e mata-burros, construiu escolas, construiu Prédio da Câmara de Vereadores, recuperou o prédio da Prefeitura Municipal entre outras obras.

2° Prefeito José Batista Viana Neto (1962-1966)

Em 1962, vence as eleições Jose Batista Viana Neto também do (PSD) contra Absalon Lima da (UDN). Em seu primeiro mandato, Zuzinha como era conhecido, deu prosseguimento as obras iniciadas por Joaquim Sampaio Neto numa continuidade administrativa muito benéfica ao Município. Suas principais obras foram na área urbana, com calçamentos de ruas, construção de salas escolares, tanto na sede como em alguns distritos, etc.